Por ocasião do III Encontro Nacional dos Conselhos Comunitários Consultivos, estive em 18 de outubro no Polo Petroquímico do Sul, localizado entre as cidades de Triunfo, Montenegro e Nova Santa Rita, a 52 quilômetros de Porto Alegre (RS). Foi muito bom ter a oportunidade de conhecer um polo industrial organizado e bem estruturado, inclusive, em termos logísticos.
O Polo do Sul, inaugurado em 1983, conta hoje com 10 diferentes empresas, onde trabalham mais de seis mil pessoas. Ocupa uma área de mais de 14 mil hectares e conta com cerca de três mil e 600 hectares de área preservada, além de uma estação ambiental.
Foi concebido em uma época onde outros dois grandes polos industriais, o de Cubatão (SP) e o de Camaçari (BA), já haviam sido instalados e, principalmente, no primeiro caso, já eram nítidos os quais eram os impactos de um processo de industrialização desordenado.
O preço do pioneirismo, despreocupado com o meio ambiente e aspectos sociais, pagos por Cubatão, não são os mesmos vividos no sul do país. Lá, as plantas industriais foram instaladas em uma grande área plana, longe de grandes aglomerações humanas, com um anel viário próprio para atender os interesses do polo e com pouco impacto sobre o trânsito entre as cidades. Também é interesse verificar que no Polo do Sul, há uma central de coleta dos efluentes industriais, que capta e trata a água antes de devolvê-la para o meio ambiente.
Obviamente, toda grande concentração industrial causa impactos, ainda que sejam minimizados e controlados, e que o projeto seja concebido baseado nas premissas básicas da sustentabilidade, o equilíbrio entre o social, o ambiental e o econômico, no entanto, conhecer em loco a concepção do Polo do Sul foi a confirmação de que o Polo Industrial de Cubatão precisa buscar novas saídas para seguir evoluindo de forma competitiva e sustentável.
Claro, que as empresas aqui instaladas mudaram há tempos os seus conceitos sobre formas de produção, segurança dos processos, trato com os trabalhadores, relacionamento com a comunidade e cuidado com o meio ambiente, e isso em conjunto com uma maior fiscalização de órgãos governamentais, tem construindo um cenário bem diferente e muito melhor que o do passado. No entanto, principalmente, no que se refere a logística, ainda é preciso que exista um esforço extra das três esferas governamentais para adequar o Polo de Cubatão as necessidades futuras e facilitar o escoamento das produções.
Soluções como um maior investimento em ferrovias e até mesmo em rotas de transporte de cargas pelos rios da região poderiam ser alternativas viáveis para seguir crescendo. A construção da marginal da Rodovia Cônego Domênico Rangoni e as obras no trevo de Cubatão são fundamentais para que a cidade não pare. Como, aliás, vem parando todas as manhãs e finais de tarde. O trânsito é infernal e sofrem, principalmente, os trabalhadores do polo, que perdem horas presos em ônibus, assistindo parados à vida passar pelo acostamento.
É preciso torcer para que as novas obras já não sejam inauguradas saturadas, como tantas outras que vemos nascer Brasil afora. É preciso pensar o Polo Industrial de Cubatão para o futuro, com um planejamento que não existiu no passado. Acredito que se o Sul olhou para cá antes de escrever sua história e aprendeu com erros daqui, agora é a nossa vez de olhar para eles e buscar inspiração naquilo deu certo. A troca de experiências é fundamental e o crescimento mútuo é certo, “basta” vontade política.