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Archive for fevereiro \24\America/Sao_Paulo 2012

Leiam a segunda parte da entrevista com o secretário de educação de Cubatão, Fábio Inácio.

Por Renato Silvestre

 

– De maneira geral, que tipo de estímulo à capacitação e a atualização os professores de Cubatão recebem da Prefeitura Municipal?

Temos o Centro de Apoio Pedagógico e Formação Continuada, onde realizamos cursos como o Ler e Escrever, Alfabetização Matemática, formação do CEALE, entre outros. Temos parcerias importantes na área de formação de professores como o Instituto Avisalá, para a Educação Infantil, a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e o Gestar II, uma formação em Matemática e Língua Portuguesa voltada aos professores do Fundamental II.

– Como está sendo tratada a questão da violência nas escolas da cidade, que em outubro passado, ganhou repercussão nacional com o caso ocorrido Unidade Municipal de Ensino Bernardo José Maria de Lorena?

Em geral, o número de casos de violência nas escolas municipais é muito baixo. O caso do Lorena não é comum. Apenas ganhou destaque na imprensa, pois um aluno filmou pelo celular, mas na escola ocorrem várias coisas positivas, como por exemplo, o fato de um aluno ter sido premiado em um concurso de um jornal da região cujo o tema era o combate à violência. Ou mesmo o fato da escola ter sido a que mais aprovou alunos de Cubatão na Escola Técnica Federal. Isso não significa que não trabalhamos o tema da violência e do bullying. Temos orientadores educacionais comprometidos com o trabalho nas unidades de Ensino Fundamental. Há também um trabalho sendo desenvolvido pelo Centro de Apoio Pedagógico – o Educar para a Paz. Vale destacar também a oportunização de outras atividades aos estudantes no contraturno escolar, com o Programa Escola Legal, e o desenvolvimento de atividades culturais e esportivas que ajudam a combater a violência.

– Considerando as novas áreas populares que estão sendo criadas na cidade com a remoção de parte da população da região da Serra do Mar, como está sendo o processo de remanejamento de vagas nas escolas da cidade? Há vagas para todos?

Esse é um grande trabalho. Estamos no processo de matrículas. A região já recebeu duas novas escolas: uma administrada pelo Município e outra pelo Estado. O governo estadual está construindo outras duas no Bolsão 9. Com a conclusão dessas duas unidades e adequação do atendimento, teremos vagas suficientes para o Ensino Fundamental.

– Como educador, de que forma avalia a inexistência de uma universidade pública em Cubatão?

Toda cidade quer ter uma universidade pública, mas o processo de construção, ou melhor, de implantação, é bastante complexo. Tivemos no passado a oportunidade de ter a POLI-USP e, infelizmente, os gestores da época desperdiçaram a chance de mantê-la. Depois disso, tudo ficou mais difícil. Para voltar a Cubatão, a USP colocou exigências que praticamente inviabilizavam a sua instalação. Em Santos, o Estado deu o prédio. Não exigiu contrapartida financeira. Em Cubatão foi exatamente o contrário. Tínhamos que dar tudo. A Constituição e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nos obriga a priorizar a Educação Básica, que vai da creche ao nono ano do Ensino Fundamental. Portanto, só poderemos atuar no Ensino Superior quando conseguirmos atender plenamente este nível de ensino. Já atendemos 100% do Ensino Fundamental e 100% da Pré-escola, mas falta ainda o atendimento pleno na creche. Quando assumi, tínhamos cerca de 800 vagas. Hoje, atendemos mais de 2.600 crianças. Mas ainda temos que avançar mais. A administração tem feito contato com a Universidade Federal do ABC e a Unifesp, na tentativa de trazer um campus para a Cidade, já que com as estaduais a situação está mais complicada. Isso se dá devido à UNESP já ter um campus em São Vicente, a USP estar chegando a Santos (inclusive, segundo informações, eles estão com dificuldades com relação ao local). Além disso, a Unicamp não implanta campus foram da região de Campinas. Claro que como educador e uma pessoa que estudou em Universidade Pública, seria para mim um sonho realizado. Mas por enquanto vamos continuar lutando por isso.

– Quais são os seus principais projetos futuros dentro da Secretaria de Educação?

Bom. Hoje quero consolidar as políticas públicas que já foram implantadas, terminar as tarefas que foram iniciadas e fazer a transição do cargo, pois no dia 30 de março tenho que sair do governo para concorrer a uma vaga na Câmara nas eleições de 2012. Estou deixando a pasta, mas saio muito feliz pelo respeito de todos os professores, diretores, equipes, que sempre me trataram com muito respeito. Feliz também por toda minha equipe, que trabalhou muito, e, em especial, feliz pela confiança que a prefeita Marcia Rosa teve ao me nomear para essa tarefa. Agradeço à minha família, em especial à minha filha e à minha esposa que tiveram que suportar as minhas ausências e todas as tarefas que o cargo exige, ainda mais quando trabalhamos muito, ficamos várias vezes até dez, onze horas da noite na Prefeitura, trabalhando bastante. Isso exigiu um sacrifício familiar muito grande, mas compensou pelo belo trabalho realizado nas escolas e pelo reconhecimento da população.

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Por Renato Silvestre

Natural e morador de Cubatão, Fábio Oliveira Inácio é secretário de educação da cidade desde o início da gestão Marcia Rosa, em 2009. Aos 38 anos, é Formado em Ciências Sociais (licenciatura) e em Ciências Políticas (bacharelado) pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pós-graduado em História, Sociedade e Cultura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e atualmente está concluindo o curso de pós-graduação em Gestão Pública pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio). Em sua carreira como docente já deu aulas de Filosofia, Sociologia, História e Geografia, nas escolas estaduais Afonso Schmidt, Jayme João Olcese, Castelo Branco e José da Costa, e ainda na particular Fortec. Nessa entrevista exclusiva ao blog Conversa Silvestre (publicada em duas partes), Fábio, que é militante desde a década de 80 e filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 1995, traça um panorama da educação em Cubatão. Fala dos avanços realizados e sobre o que ainda precisa ser feito. Confira:
– Qual o balanço destes três anos a frente da Secretaria Municipal de Educação

Acredito que avançamos muito com o lançamento do PAE – Programa de Atenção à Educação, em novembro de 2009. Entre as realizações de nossa Secretaria aponto o Concurso Público de 2011, que permitiu a contratação de professores, inspetores, secretários de escola; as reformas das unidades escolares, que há muito não passavam por obras significativas; a ampliação do número de vagas na Educação Infantil I (creche); a implantação do Ciclo de Alfabetização, que permitiu um olhar mais atento a essa fase tão importante para nossas crianças. Além disso, tivemos bons resultados no IDEB 2009, na Prova Brasil e na Provinha Brasil. Este ano teremos os novos números do IDEB, que deverão mostrar os resultados de nosso trabalho. Acredito que nossos indicadores estão melhorando graças ao trabalho dos professores e equipes técnicas e às ações da Seduc. Vale destacar que em nosso governo contratamos mais profissionais para completar as equipes técnicas das escolas e avançamos em vários sentidos, como com a aquisição de materiais novos, aumento da inclusão de alunos com deficiência nas escolas, a entrega de notebooks para professores e alunos, aquisição de uniformes e kits escolares, inclusive para a EJA (Educação de Jovens e Adultos). Enfim, realizamos um dos maiores investimentos na educação e os resultados estão aparecendo, inclusive com o reconhecimento na pesquisa IPAT do Jornal A Tribuna, que coloca o setor da educação como o mais bem avaliado da Baixada Santista, superando de longe todas as outras cidades pesquisadas.

– Ao longo da gestão Marcia Rosa muitas foram as mudanças no secretariado, entretanto, o senhor é um dos poucos que permanece desde 2009, inclusive, como responsável pela Educação desde então. A que razão atribui este fato? 

Vários secretários permaneceram no governo, apenas mudaram de função: José Carlos Ribeiro dos Santos, Silvano Lacerda, Marco Cruz, José Eduardo Limongi, Ronaldo Cardoso, entre outros. Eles apenas trocaram de secretaria, em parte devido à reforma administrativa. Outros, como o Haroldo de Oliveira e o Daniel Losada, saíram e acabaram retornando. Mudanças e ajustes no governo são normais. Além disso, foram pequenas após dois anos de governo. Com relação à minha permanência, não vejo qualquer fato especial. Sou uma pessoa dedicada, que trabalha muito e que tem paciência. Acho que me relaciono bem com as pessoas. Neste governo, temos muitos com esse perfil. Somos uma equipe unida, ao contrário de governos anteriores onde secretários não se falavam.

– Em recente pesquisa do Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT), a Educação em Cubatão foi avaliada como ótima ou boa por 51,5% dos entrevistados. Como vê esse resultado?

Fico feliz, pois é o reconhecimento do trabalho dos educadores, da nossa equipe e da prefeita que colocou a educação como um ponto importante, prioritário. Na verdade, se somarmos os que apontaram como regular, teremos mais de 80% de aprovação. A cidade que ficou em segundo lugar teve 38% de ótimo e bom, significa que conseguimos avançar, mas ainda existe muito trabalho para ser feito.

– Uma das primeiras ações visíveis aos cubatenses em termos de educação nessa gestão foi a reforma das escolas, com a derrubada dos muros das escolas e a consequente substituição por grades. Algumas unidades de ensino, como a U.M.E. Estado do Amazonas, foram contrárias à mudança, organizando abaixo-assinado, preocupadas com a segurança dos alunos. Como avalia essa situação? 

Toda vez que vamos fazer uma mudança existe medo, preocupações. Isso é natural do ser humano. Resistir a mudanças. Mas existem vários estudos que apontam que a escola não pode ser parecida com uma prisão, que tem de ser um ambiente agradável, aberto e que a sociedade tenha a possibilidade de ver a escola e a escola veja o que ocorre em seu entorno. A arquitetura não pode ser repressora se queremos uma educação que transforme. É uma ilusão achar que muros solucionam problemas. Aliás, a história mostra que os muros sempre foram usados para segregar, separar, dividir, limitar as liberdades. Se a educação quer transformar a sociedade, não pode parecer uma prisão. As grades foram instaladas já em algumas escolas e não tivemos qualquer problema, ao contrário, hoje, se alguma pessoa pula a grade, é fácil perceber, pois quem passa na rua nota e até liga para a polícia ou mesmo para a escola. Facilitou a segurança, além de ficar um ambiente bem mais agradável.

– Como anda a questão da distribuição dos notebooks aos alunos da rede municipal? Há algum plano para evitar que os alunos sejam vítimas de furtos ou assaltos por estarem portando o equipamento?

Já foram distribuídos 3.000 aparelhos e esse ano vamos distribuir mais 13.000. Os equipamentos têm um sistema onde é possível bloqueá-los quando a pessoa não autorizada entra na internet. Isso torna o aparelho sem utilidade. Além disso, ele tem um design exclusivo, não pode ser desmontado para ser vendido em peças e não tem valor comercial.

– Que tipo de capacitação os professores receberam para que possam estar devidamente preparados a lidar com essa nova ferramenta em sala de aula? De que forma os alunos serão estimulados a utilizar os notebooks para fins escolares?

A rede já tinha três projetos pilotos e todas as unidades têm salas de informática. Os alunos e professores já utilizavam esses equipamentos. Quanto à formação, temos o Centro de Apoio Pedagógico e Formação Continuada, que vai realizar cursos de capacitação permanente para que a ferramenta possa ser utilizada. No entanto, a maioria dos alunos já utiliza a internet para pesquisas, conhecimento, acesso às redes sociais. Isso é uma forma de incluir aqueles que não têm acesso ao equipamento.

– Em caso de danos que requeiram a manutenção dos notebooks, como os alunos e responsáveis deverão proceder?

Eles têm que entrar em contato com a direção da escola, que aciona a Seduc. Caso o aluno queira entrar em contato direto conosco, é necessário ligar para 3362-6252 e falar com o Thiago.

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Comentem e divulguem!

Em breve a segunda parte dessa entrevista.

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Por Renato Silvestre

As cenas que tomaram contam do Sambódromo de São Paulo nesta terça-feira de Carnaval, dia de apuração dos votos, foram ridículas, horrendas e nos fazem de maneira coletiva se envergonhar pelo mau-caratismo alheio. A idiotice humana, a falta de espírito esportivo e, principalmente, a ausência total de civilidade de alguns marmanjos barbados e uniformizados foram claramente expostas ao vivo para todo o Brasil em uma infeliz contraposição a beleza das noites de desfiles.

Envelopes rasgados, papéis ao vento, correria, vandalismo, brigas e até carro alegórico queimado. Imagens de qualquer outra coisa, menos de uma festa popular, de um Carnaval, ou de uma competição dita organizada. Se havia algum tipo de contestação a ser feita em torno do resultado que se aproximava, essa deveria ser feita com argumentos e seguindo recursos minimamente compatíveis com a grandeza do espetáculo proporcionado para o público. Simples assim!

A desordem que impediu um final digno à apuração demonstra também que há algo de muito errado no cenário das escolas de samba de São Paulo. Um dos integrantes de uma dessas escolas, dito como membro da diretoria da mesma e com várias passagens pela polícia, agir como agiu, fugindo da segurança, pulando sobre a mesa, tomando e rasgando papéis e criando um excesso de fúria que contagiou outros vândalos que se escondem em meio à multidão, foi terrível, insano e irresponsável. Por pouco, a tragédia não foi maior, pois o fogo que acabou com um dos carros poderia facilmente ter se espalhado e aí ninguém sabe o alcance que isso poderia ter tomado.

Por outro lado, é importante que as autoridades fiquem de olhos bem abertos com um fenômeno tipicamente paulistano: a presença crescente de escolas de samba provenientes de torcidas “organizadas” de times de futebol. O desfile em São Paulo ganha cada vez mais contornos de grandes clássicos do esporte bretão, inclusive, com as mesmas preocupações com segurança. Deixar que se misture o que seria uma grandiosa festa com a doença de malucos disfarçados, uniformizados e fantasiados de torcedores jamais será o melhor caminho, pois há o sério risco que se cometa o mesmo erro que aconteceu com o esporte, onde o cenário de guerra, uma constante ao redor de estádios, afastou as famílias e criou ambientes cada vez mais insalubres nas praças esportivas.

A cultura brasileira, personificada através do samba, dos verdadeiros sambistas e das verdadeiras escolas de samba, precisa vencer essa luta e cabe às autoridades não atravessarem nesse enredo. Para a idiotice humana não há fim de semana, feriado ou carnaval que dê jeito, então, retirem-se os vândalos e acendam os holofotes, pois o verdadeiro show deve continuar…

A propósito, parabéns a Mocidade Alegre, legítima campeã do carnaval de São Paulo!

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