Leiam a segunda parte da entrevista com o secretário de educação de Cubatão, Fábio Inácio.
Por Renato Silvestre
– De maneira geral, que tipo de estímulo à capacitação e a atualização os professores de Cubatão recebem da Prefeitura Municipal?
Temos o Centro de Apoio Pedagógico e Formação Continuada, onde realizamos cursos como o Ler e Escrever, Alfabetização Matemática, formação do CEALE, entre outros. Temos parcerias importantes na área de formação de professores como o Instituto Avisalá, para a Educação Infantil, a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e o Gestar II, uma formação em Matemática e Língua Portuguesa voltada aos professores do Fundamental II.
– Como está sendo tratada a questão da violência nas escolas da cidade, que em outubro passado, ganhou repercussão nacional com o caso ocorrido Unidade Municipal de Ensino Bernardo José Maria de Lorena?
Em geral, o número de casos de violência nas escolas municipais é muito baixo. O caso do Lorena não é comum. Apenas ganhou destaque na imprensa, pois um aluno filmou pelo celular, mas na escola ocorrem várias coisas positivas, como por exemplo, o fato de um aluno ter sido premiado em um concurso de um jornal da região cujo o tema era o combate à violência. Ou mesmo o fato da escola ter sido a que mais aprovou alunos de Cubatão na Escola Técnica Federal. Isso não significa que não trabalhamos o tema da violência e do bullying. Temos orientadores educacionais comprometidos com o trabalho nas unidades de Ensino Fundamental. Há também um trabalho sendo desenvolvido pelo Centro de Apoio Pedagógico – o Educar para a Paz. Vale destacar também a oportunização de outras atividades aos estudantes no contraturno escolar, com o Programa Escola Legal, e o desenvolvimento de atividades culturais e esportivas que ajudam a combater a violência.
– Considerando as novas áreas populares que estão sendo criadas na cidade com a remoção de parte da população da região da Serra do Mar, como está sendo o processo de remanejamento de vagas nas escolas da cidade? Há vagas para todos?
Esse é um grande trabalho. Estamos no processo de matrículas. A região já recebeu duas novas escolas: uma administrada pelo Município e outra pelo Estado. O governo estadual está construindo outras duas no Bolsão 9. Com a conclusão dessas duas unidades e adequação do atendimento, teremos vagas suficientes para o Ensino Fundamental.
– Como educador, de que forma avalia a inexistência de uma universidade pública em Cubatão?
Toda cidade quer ter uma universidade pública, mas o processo de construção, ou melhor, de implantação, é bastante complexo. Tivemos no passado a oportunidade de ter a POLI-USP e, infelizmente, os gestores da época desperdiçaram a chance de mantê-la. Depois disso, tudo ficou mais difícil. Para voltar a Cubatão, a USP colocou exigências que praticamente inviabilizavam a sua instalação. Em Santos, o Estado deu o prédio. Não exigiu contrapartida financeira. Em Cubatão foi exatamente o contrário. Tínhamos que dar tudo. A Constituição e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nos obriga a priorizar a Educação Básica, que vai da creche ao nono ano do Ensino Fundamental. Portanto, só poderemos atuar no Ensino Superior quando conseguirmos atender plenamente este nível de ensino. Já atendemos 100% do Ensino Fundamental e 100% da Pré-escola, mas falta ainda o atendimento pleno na creche. Quando assumi, tínhamos cerca de 800 vagas. Hoje, atendemos mais de 2.600 crianças. Mas ainda temos que avançar mais. A administração tem feito contato com a Universidade Federal do ABC e a Unifesp, na tentativa de trazer um campus para a Cidade, já que com as estaduais a situação está mais complicada. Isso se dá devido à UNESP já ter um campus em São Vicente, a USP estar chegando a Santos (inclusive, segundo informações, eles estão com dificuldades com relação ao local). Além disso, a Unicamp não implanta campus foram da região de Campinas. Claro que como educador e uma pessoa que estudou em Universidade Pública, seria para mim um sonho realizado. Mas por enquanto vamos continuar lutando por isso.
– Quais são os seus principais projetos futuros dentro da Secretaria de Educação?
Bom. Hoje quero consolidar as políticas públicas que já foram implantadas, terminar as tarefas que foram iniciadas e fazer a transição do cargo, pois no dia 30 de março tenho que sair do governo para concorrer a uma vaga na Câmara nas eleições de 2012. Estou deixando a pasta, mas saio muito feliz pelo respeito de todos os professores, diretores, equipes, que sempre me trataram com muito respeito. Feliz também por toda minha equipe, que trabalhou muito, e, em especial, feliz pela confiança que a prefeita Marcia Rosa teve ao me nomear para essa tarefa. Agradeço à minha família, em especial à minha filha e à minha esposa que tiveram que suportar as minhas ausências e todas as tarefas que o cargo exige, ainda mais quando trabalhamos muito, ficamos várias vezes até dez, onze horas da noite na Prefeitura, trabalhando bastante. Isso exigiu um sacrifício familiar muito grande, mas compensou pelo belo trabalho realizado nas escolas e pelo reconhecimento da população.