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Por Renato Silvestre

Um dos principais motores econômicos do Estado de São Paulo, o Polo Industrial de Cubatão cresce em produtividade e em distribuição de oportunidades, fato é que nos últimos dois anos o Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) da cidade foi o que mais empregou no Estado, um total de 12.341 contratações. No entanto, é fácil ver que apesar de toda a colaboração da indústria para a cidade e por conseqüência para a região, ainda há um vácuo entre o nível de conhecimento técnico exigido pelas empresas e o nível de escolaridade de boa parte da população cubatense. As vagas existem, entretanto, ainda são pequenas as possibilidades que surgem e são preenchidas pelo morador da cidade em cargos mais elevados. Obviamente, esse é um déficit histórico e demorará muito tempo para ser corrigido.

Dentro disso a implantação de uma universidade pública na cidade, com cursos voltados para áreas que atendam as indústrias já passou da hora de acontecer e é de uma necessidade gritante. Em 1987, em um sopro de esperança, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), com apoio das indústrias, chegou a oferecer cursos de Engenharia em Cubatão, incluindo o primeiro de Mecatrônica dentro da instituição. Provisoriamente a unidade foi instalada­ em duas escolas infantis adaptadas e ficou a cargo da prefeitura de Cubatão fornecer terreno e prédio para abrigar os cursos definitivamente.

Dois anos depois, como a Escola Politécnica não recebeu as verbas liberadas pela Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia para dar andamento aos cursos, nem a garantia de que seriam construídas instalações adequadas na cidade, a congregação da USP decidiu suspender o vestibular de ingresso à Póli em Cubatão. E assim, em 1990, a unidade, vislumbrada pelas industriários como uma referência, teve o convênio rompido por falta de atendimento aos requisitos. Entre idas e vindas, houve um ex-prefeito que em meados dos anos 90 ainda chegou a anunciar, fazer festa e inaugurar a pedra fundamental do campus no terreno do Centro Social Urbano (CSU), no Jardim São Francisco, mas nada aconteceu, e possivelmente o local se tornará em breve um conjunto habitacional.

Eis que na 6ª edição do Mega Polo, realizada na última sexta-feira, 10 de junho, o assunto voltou à tona na pauta política da cidade. Por sugestão do presidente da Carbocloro, Mario Cilento, o assunto foi debatido. “Cubatão merece e precisa. A instalação da POLI-USP seria um benefício em termos tecnológicos e também sociais”, afirmou. Uma nova ideia apresentada durante o fórum seria a possibilidade da instalação da POLI-USP na parte residencial da Vila Light, área hoje controlada pela Empresa Metropolitana de Águas e Esgotos (Emae), mas que pertence à União. Presente ao evento, Antonio Bolognesi, diretor-presidente da Emae, não fez objeções ao projeto. “Quanto ao local, não tenho nada a opor, mas a decisão cabe ao controlador da Emae. Os ativos da Emae pertencem à União e a empresa é controlada pelo Estado de São Paulo, mesmo tendo ações em bolsa de valores”, afirmou.

Convocada a se pronunciar a respeito do tema, a prefeita Marcia Rosa se mostrou empolgada com a possibilidade. “Há o compromisso do governador em trazer a USP para cá e Cubatão tem esse direito. A população, os empresários, os comerciantes e as indústrias querem isso. Todos queremos, então vamos sentar todos à mesa e construir essa possibilidade”, sugeriu.

Se de fato o sonho da universidade pública em Cubatão sairá do imaginário popular para entrar de vez na vida dos cubatenses ainda não sabemos, mas a iniciativa de se colocar o tema novamente em debate e com atores importantes apoiando a ideia parece ao menos ser uma luz no fim desse interminável túnel. Sei que a vinda da instituição para a cidade não resolverá todos os problemas educacionais da população e nem é garantia de que tenhamos cubatenses em massa inseridos nas salas de aula da universidade, mas a possibilidade de fazer de Cubatão um pólo não somente industrial, mas também de pensadores e de produtores de conhecimento é algo que não deve ser desprezado, precisa ser visto com muito carinho e encarado como prioridade pelos políticos em todas as instâncias.

Cubatão precisa não perder o trem da história merece mais do que qualquer outra cidade ver esse sonho se tornar realidade!

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