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Posts Tagged ‘Oriente médio’

Por Renato Silvestre

Após quase dez anos do início de uma busca incessante por vingança, o anúncio oficial da morte de Osama Bin Laden, mentor intelectual dos atentados ao World Trade Center em 11 de Setembro de 2001, encerra um ciclo para os americanos. O vilão morreu, parte da história acabou, mas a dor sentida por milhares de mortes no pior ataque terrorista da história jamais se apagará e a ferida continuará aberta e exposta para que todos vejam.

A verdadeira celebração que aconteceu na última madrugada pelas ruas das principais cidades dos Estados Unidos, com bandeiras hasteadas, hino sendo cantado, fotos de Osama sendo queimadas e gritos de guerra bradados em alto e bom som, são mostras de que lá como cá ou acolá somos todos muito iguais. Recordo claramente que após aquela manhã de 11 de setembro no Brasil, os primeiros telejornais já divulgavam festas em ruas de cidades do Oriente Médio que comemoravam a queda de um dos principais símbolos do que chamavam de “grande satã”. Algo que também foi bem observado pelo amigo jornalista Bruno Gutierrez em seu blog.

Em meio à euforia americana seria preciso lembrar ainda que o vilão morto, outrora cresceu no cenário político-religioso do Afeganistão graças ao apoio ianque para livrar a população das “garras da União Soviética” durante a Guerra Fria, e mais, que para que um morresse muitos milhares tiveram que morrer anteriormente. Até por isso, na realidade esse deveria ser muito mais um momento de reflexão e readequação da política de guerra dos Estados Unidos do que propriamente de comemoração.

O que virá agora? Quantos outros Osamas serão caçados? Quantas vidas humanas se perderão para que os vilões sejam punidos? Questões não muito claras, principalmente considerando que o Ocidente ainda não sabe quais serão os próximos passos das inúmeras organizações terroristas que se multiplicaram após o 11 de setembro e que viam em Bin Laden um líder e agora um mártir. Retaliações, reações, ataques e contra-ataques, novos atentados e mais inocentes mortos, até quando? E a denominada Guerra ao Terror continuará como justificativa para os abusos humanitários realizados em Guantánamo? Muitas dúvidas neste momento.

A certeza é que a celebração da morte de Bin Laden tende a exaltar ânimos e exacerbar o sentimento antiamericano existente em parte do mundo, tanto que o presidente Barack Obama, mesmo antes de realizar o fatídico anúncio, mandou reforçar a segurança e manter em estado de alerta todas as bases militares dos Estados Unidos, além de emitir comunicado pedindo cuidado aos americanos fora do país.

Estranho dizer, mas de uma forma ou de outra, Osama deixa um legado, obviamente maléfico, uma herança maldita que seguirá martelando a todos inocentes envolvidos ou não nessa guerra, o medo crescente do outro, do diferente, de sociedades e costumes diferentes, a amplificação de um ódio mútuo que faz crescer exércitos e aniquilar vidas. Heróis ou vilões, pobres humanos, pobres homens, eternamente e cada vez mais lobos de sua própria espécie!

“Why don’t presidents fight the war? Why do they always send the poor?”

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