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Posts Tagged ‘estudantes’

Por Renato Silvestre

Extremamente louvável a iniciativa da Prefeitura Municipal de Cubatão, que iniciou nesta quarta-feira, 16/11, a entrega de notebooks para os alunos do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos da rede municipal. O cronograma prevê a entrega de três mil equipamentos este ano e 13 mil no início do ano letivo de 2012.

Dentro deste mundo cada vez mais tecnológico, a oportunidade que será dada as crianças cubatenses é fantástica, no entanto, é preciso pensar em outros fatores importantes que podem fazer desta ação um sucesso ou uma decepção.

Temos que pensar que vivemos, infelizmente, em uma cidade que ainda não é das mais seguras. Dia desses, um amigo e sua namorada foram assaltados a mão armada no Jardim Costa e Silva. Obviamente ficaram sem seus celulares e o pouco dinheiro que carregavam. Dias depois, na saída do Conservatório Municipal, na Vila Nova, alunas do ballet passaram pelo mesmo perrengue, e nem mesmo suas sapatilhas escaparam ilesas. Importante salientar, que ambas as ações criminosas ocorreram em horários onde ainda há grande movimento nas ruas.

Sei bem que a responsabilidade pela segurança pública é do Estado, principalmente através de sua Polícia Militar, no entanto, é preciso refletir com que grau de segurança 16 mil alunos da rede pública municipal sairão pelas ruas portando seus notebooks. É uma questão delicada e que precisa ser pensada pelos órgãos responsáveis.

Isso, para não falar na violência dentro das próprias escolas, situação que ganhou repercussão nacional em 25 de outubro, através uma briga que aconteceu na Unidade Municipal de Ensino Bernardo José Maria de Lorena  (veja vídeo abaixo).

Outro fator essencial, que espero que tenha sido planejado pela Secretaria de Educação, é a preparação dos professores para trabalhar com essa nova e importante ferramenta tecnológica. Sim, porque do meu ponto de vista, se o uso destes computadores se der apenas no âmbito domiciliar, toda a validade desta ação será nula. Os docentes precisam ser capacitados e preparados adequadamente para lidar com este novo desafio. Até porque, se até mesmo o uso de celulares por alunos dentro das escolas ainda é um tabu, imagine o uso de notebooks.

Podem até acharem que estou “urubuzando” a Prefeitura, mas apenas avalio aqui, que existem necessidades paralelas que precisam ser atendidas e sem as quais a entrega de notebooks aos jovens cubatenses pode apenas se tornar uma ação eleitoreira, um verdadeiro tiro na água da administração municipal, sem contar que estariam ainda criando um problema gigantesco a ser administrado.

Torço para que realmente esse investimento dê resultado e seja apenas o princípio de uma série de ações que possibilitem as crianças cubatenses, principalmente as mais pobres, terem acesso à tecnologia e a esse fascinante mundo que se abre com o uso de computadores e o acesso livre a internet. De uma cidade rica, como é Cubatão, o mínimo que se espera é educação de qualidade para aqueles são seu próprio futuro. Então, o momento é de esperar, acompanhar e ver como se dará esse novo processo nas escolas da cidade.

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Por Renato Silvestre

Há dez anos estava na casa de um grande amigo na Praia Grande para comemorar o seu aniversário. Meu irmão, Eduardo, também estava conosco. Em determinado momento, ele resolveu sair com o carro para dar uma volta pela praia. O tempo passou e ele reapareceu. O susto que tomei foi enorme. Seu rosto estava pálido e sua camiseta toda molhada de sangue.

Pela primeira vez em minha vida senti ali o gosto da violência urbana em sua face mais cruel. Assustado, enquanto seguíamos para o hospital, Eduardo me contou que, enquanto dirigia pela avenida da praia vagarosamente ouvindo um som, foi cercado por marginais de bicicleta que dispararam contra o carro. Por sorte e muito de sua habilidade ao volante ele conseguiu fugir. Foram quatro disparos, mas uma bala o acertou, ficando alojada em um músculo próximo ao pescoço. Enquanto o sangue escorria por suas costas e eu inutilmente pressionava o ferimento tentando conter o fluxo, havia ali uma comunhão perfeita de revolta e indignação diante deste mundo louco e violento, onde a vida não vale nada. Apesar de tudo e do péssimo atendimento hospitalar, meu irmão ficou bem.

Obviamente, a noite de terror que tive naquela ocasião, não se compara ao que os pais das crianças da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro sentem hoje. A dor por perder um filho de forma tão violenta jamais se apagará. Os sobreviventes que presenciaram a morte de seus amigos precisarão de muito apoio e de amor para superar esse trauma.

Um atirador, tal qual, em Columbine, nunca será apenas um simples atirador. Esqueçam a loucura, as condições e as injustiças sociais, o que de fato precisa ser repensado é a questão do armamento. Precisaremos de quantos mortos e feridos inocentes para perceber que o caminho das armas é o pior? Sei bem que boa parte das armas que “andam” por aí não são legalizadas e o pior, quando são, geralmente são de uso exclusivo dos militares, no entanto, é preciso dar um basta.

O choro das mães de inocentes precisa ser respeitado. Não quero um mundo com tantas injustiças, com tanta tristeza e com tanta dor. Vivemos em uma sociedade onde a onda de violência cresce e o medo toma conta calando as pessoas de bem. Não temos educação, não temos saúde, não temos emprego, não temos respeito aos direitos individuais e coletivos. Não temos vida e a liberdade é cada vez mais uma grande utopia. Não sei vocês, mas esse mundo eu não quero!

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A propósito, se algum jornalista consegue manter o sangue frio diante de tal situação e ainda se manter feliz, parabéns pelo seu dia!

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