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Posts Tagged ‘coragem’

 

Por Renato Silvestre

 

Quando Arnaldo Jabor diz que “José Alencar humilhou a morte” isso não se diz apenas da boca pra fora. O ex-vice-presidente, muito bem sucedido em sua vida pessoal, nos negócios e na política, simplesmente resolveu tomar diante de uma perspectiva sombria a melhor das atitudes, “viver e não ter a vergonha de ser feliz e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”, como diz trecho de bela música de Gonzaguinha.

Provavelmente sem querer, “Zé”, como o ex-presidente Lula carinhosamente o chamava, passou aos brasileiros uma mensagem de sobriedade, serenidade, força de vontade e persistência diante das adversidades. Nada daquela coisa piegas de “sou brasileiro e não desisto nunca”. Sua luta era real, lutando contra um inimigo íntimo que insistiu em maltratá-lo durante seus últimos 13 anos de vida. Uma guerra travada por meio de 15 intervenções cirúrgicas e retiradas de tumores no rim, no estômago, na região do abdômen, na próstata, além de uma cirurgia no coração.

Obviamente, uma pessoal com poucos recursos financeiros ou dependente das filas do sistema público de saúde do Brasil possivelmente não teria grandes chances de sobreviver durante tanto tempo nessa batalha. Mas as mazelas da saúde pública no país é tema para outro post.

A morte de um político de tamanha envergadura moral criará um vazio dentro deste cenário repleto de maus exemplos. Nós, eleitores brasileiros, podemos por vezes fingirmo-nos de cegos e fazermos opções dignas de filmes de comédia, mas por outro lado, é inegável a capacidade da população desta terra tupiniquim de se reconhecer no sofrimento alheio, de tentar compartilhar de uma dor indivisível e, de fato, se comover.

Entre as idas e vindas de Zé ao hospital, o que mais se pode ouvir pelas ruas, bares ou nos sofás das salas mais confortáveis as cadeiras mais humildes nas periferias, foi a expressão de apoio e assombro diante de um homem que ignorou sua condição social, política e estratégica para simplesmente lutar pelo direito de viver. Um Zé, que antes de tudo, deixa seu nome na história política e econômica deste país, principalmente porque, como ele mesmo dizia: ‎”Não tenho medo da morte. Tenho medo da desonra”.

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